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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Células tronco e doenças auto imunes.

Pesquisas indicam que o procedimento pode ajudar pacientes que não tiveram sucesso com terapias convencionais.
As doenças autoimunes afetam de 3% a 5% da população mundial. Causadas por uma disfunção no sistema imunológico de origem desconhecida, elas fazem o organismo se autoagredir, destruindo células e tecidos saudáveis. Existem dezenas de doenças classificadas como autoimunes, como esclerose múltipla e sistêmica, diabetes tipo 1, doença de Crohn e vitiligo. A maioria não tem cura, mas pode ser controlada com terapias antiinflamatórias ou imunossupressoras convencionais. Quando o paciente não responde adequadamente a esse tratamento convencional, o avanço de alguns tipos dessas doenças pode levar à deterioração das condições físicas e mentais.
Atualmente, uma nova alternativa vem sendo estudada: o desenvolvimento de terapias com células-tronco que ajudem a tratar os doentes que já foram submetidos sem sucesso aos tratamentos convencionais. A pesquisa tem-se concentrado em transplantes de células-tronco hematopoiéticas (produtoras de sangue), retiradas da medula óssea do próprio paciente. Para que fiquem livres de suas características que provocam a autoagressão, os pacientes recebem, antes do transplante, uma carga intensa de agentes imunossupressores. Só então as células-tronco são implantadas para que, a partir daí, o sistema imunológico se restabeleça livre da doença.
Por enquanto, a esclerose múltipla e a esclerose sistêmica são as únicas doenças autoimunes que poderão, em breve, receber indicação de transplantes de células-tronco hematopoiéticas. Para a esclerose múltipla, essa indicação é baseada no fato de que, nos últimos 20 anos, cerca de 500 pacientes já se submeteram a esse tipo de transplante em todo o mundo, inclusive no Brasil. Cinco anos após o procedimento, 50% dos pacientes acompanhados não tiveram progressão da doença e 25% apresentaram regressão dos sintomas. A esclerose múltipla, que acomete mais as mulheres entre 20 e 40 anos, é caracterizada por fraqueza muscular nas extremidades, visão turva e dificuldade de equilíbrio. Sua progressão pode acarretar paralisia de membros e perda de visão.
Apesar de ainda estar em estudo, a terapia representa uma esperança para pessoas que não têm à sua disposição muitos recursos para impedir a progressão dessas doenças.
Já no caso da esclerose sistêmica, a recomendação ocorre por falta de outras alternativas terapêuticas eficientes. Mais rara, acomete com maior freqüência mulheres entre 30 a 50 anos. Provoca alterações degenerativas na pele, vasos sanguíneos, músculos e órgãos internos, como fibrose e atrofia do coração, pulmões, rins e trato gastrointestinal.
Pelo fato de ainda estar em fase de estudo e não existirem evidências sólidas de que represente a cura para as doenças autoimunes, o transplante de células-tronco deve ser indicado com cautela e apenas nos casos em que todas as outras terapias falharam. Ainda assim, ele representa uma esperança para as pessoas que, atualmente, não têm à sua disposição muitos recursos para impedir a progressão do problema. E talvez essas pesquisas sejam um primeiro passo para a cura dessas doenças no futuro.


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